"Obrador não singrou no Benfica? Quando Grimaldo e Carreras chegaram..."

Rafael Obrador foi um dos reforços do Benfica no último mercado de transferências de verão. Com passado pelas camadas jovens do Real Madrid, o jovem chegou à Luz para lutar com o sueco Samuel Dahl pelo posto de defesa esquerdo titular no conjunto encarnado.

 

No entanto, as coisas não têm corrido da melhor forma para o jovem de 21 anos. O internacional pelas camadas jovens de Espanha soma apenas um duelo pela equipa principal dos encarnados - foi titular na receção ao Tondela - e também foi opção no onze da equipa B diante do Leixões. De agosto para cá, mês em que somou estas duas participações, Rafael Obrador não voltou a ser utilizado, excetuando na seleção sub-21 espanhola.

Com estes dados em cima da mesa, o Desporto ao Minuto partiu para a conversa com Bruno Basto, antigo defesa esquerdo do Benfica. O agora empresário de futebol considerou que é preciso dar tempo para que Obrador se adapte ao que foi uma grande mudança na sua realidade competitiva..

"É um jogador jovem, que vem de uma realidade da segunda Liga espanhola, do Deportivo da Corunha, apesar de ter pertencido aos quadros do Real Madrid. A adaptação e tudo o que acarreta ser jogador de um clube da dimensão do Benfica leva o seu tempo. Se ele não jogou ainda, suponho eu, é porque que ainda não estará dentro daquilo que o treinador acha que vai ser uma opção para estes jogos. Está a adaptar-se à mudança de país, da Liga, de clube", começou por dizer Bruno Basto.

O antigo jogador das águias recusou ainda comparações com o que foi o processo de adaptação de Grimaldo ao Benfica, quando este chegou à Luz proveniente do Barcelona.

"Muito honestamente e por experiência de ter sido jogador de futebol, acho que a opinião pública muitas vezes faz aqui um caminho que eu julgo ser injusto. É o termo comparativo de A com B ou C com D. Cada jogador tem o seu percurso. Cada jogador tem a sua fase de adaptação, uns melhores, outros piores. Quando há um jogador, como foi o caso do Grimaldo e a seguir do Carreras, as expectativas que colocam no seguinte são sempre muito grandes por aquilo que tinham em comparação com aquilo que vão começar a ter", vincou Bruno Basto.

"Tudo isto carece de alguma paciência, algum respeito pelo espaço e o momento de crescimento de cada atleta. Entendo que estes termos comparativos têm de ser feitos, mas também são injustos para quem partiu e são muito mais injustos para quem chega. Cada jogador tem a sua maneira de estar, a sua maneira de jogar, o seu estilo. Acho um pouco injusto, mas entendo que é o que a vida de futebol exige", ressalvou o antigo jogador.

Bruno Basto recusou ainda a ideia de que Rafael Obrador possa ter sentido algum peso por ser o sucessor de nomes de sucesso no Benfica como Grimaldo ou Álvaro Carreras.

"Eu não acredito que ele possa sentir esse peso porque, inclusive, já havia o Samuel Dahl. É um jogador que vem para concorrer pelo seu espaço e para poder ser útil ao clube que o contratou e ao investimento que foi feito. Agora, há muitas coisas que são inerentes a tudo isso. Ter minutos, ser opção, há muita coisa. Há os treinos diários, há a adaptação à alimentação. Há muitas coisas que as pessoas descoram. Há ainda o facto de ser um jovem e ser a primeira vez que saiu do seu país. Há muita coisa que pode fazer com que o jogador ainda não esteja preparado para ser opção. Seguramente o Benfica quer que ele singre e não quer estar a queimar em etapas. Ele era jogador do Real Madrid, mas veio do Deportivo que é uma realidade completamente diferente do que é ser jogador do Benfica", recordou.

Bruno Basto acredita ainda que a exigência que é pedida a Rafael Obrador é a mesma que é aplicada a outros jogadores às ordens de José Mourinho.

"A exigência que lhe é pedida é a mesma que é pedida a todos os jogadores, inclusive aos que vêm da equipa B. A exigência que um clube como o Benfica tem para com os seus jogadores é igual. O termo de apresentação de resultados é diferente. Há maturação de jogador para jogador, pessoas para pessoas. O jogador quer jogar muito, o clube quer que o jogador jogue, mas isto é como todos nós, quando nascemos, não temos tudo. Depois nascem os dentes, depois aprendemos a andar, depois cresce o cabelo", atirou Bruno Basto.

"Não conheço a 100 por cento a realidade do jogador, mas, do que vi, pode ter qualidade. Há muitas coisas que influenciam. Quando o Grimaldo e o Carreras chegaram, foi-se dizendo que não eram os melhores jogadores para o Benfica e depois foram os que foram. Tudo isto é muito subjetivo e é um caminho que se tem que ir fazendo", finalizou.

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